É noite de lua cheia lá fora e o céu está todo estrelado. Os casais apaixonados estão naquele clima romântico; as famílias em casa assistindo a novela das 8 (que eu já não sei mais qual é), que começa quase 9; os nerds solteiros sem opção nenhuma estão em seus computadores teclando com seus amigos de jogos de RPG; os jovens infortunados estão reclamando do tédio terrível das férias porque não viajaram para praia (eu aconselharia Guarujá hahaha); alguns sortudos estão descansando das noitadas do final de semana. E é assim que se sente a maioria da população brasileira numa noite de lua cheia com o céu todo estrelado. Enquanto isso, eu vago por um gramado curto verde, igual a que eu invejo do vizinho, com algumas pequenas flores de cores ofuscantes. O vento bate de frente, leve e suave, uma pequena brisa deliciosa, e até onde minha vista alcança não existe mais nenhuma viva alma em um campo tão vasto e bonito, sorte a minha! Nesse momento se eu tivesse com algum livro seria agradabilíssimo. Continuo andando, sem rumo, sem direção nenhuma, até que o fim chegue se é que existe um fim, mas agora pra que eu vou preocupar com isso? Eis então que vejo uma pequena estante e uma cadeira confortável e almofadada, em cima da estante há um livro, A Menina que brincava com fogo (Merchan) do Stieg Larsson, boa, era esse o próximo livro que eu leria, tudo me convinha, sentei na cadeira e comecei a ler. Viajei me minha mente como sempre acontece quando leio, e foi agradável ler nesse campo ventoso e viajar no meu livro, uma das melhores sensações que já tive, se tivesse uma câmera aqui tiraria uma foto pra por no Orkut... Mas então descubro uma gaveta na estante onde estava o livro, e eis que encontro uma câmera fotográfica, termino de ler meu capítulo e bato umas 5 fotos e aposto que ao menos uma ficou legal, volto pra minha leitura, mas me perco em outro mundo, o dos meus pensamentos, deixo o livro de lado e começo a pensar. Numa noite de segunda eu estou nesse gramado extremamente verde com flores extremamente coloridas, de repente minha mente foge para um vídeo do youtube, o assassino terrivelmente lento com a arma extremamente ineficiente, mas logo volto ao meu foco, sim, num gramado com flores... Ah, e a com a brisa deliciosa, simplesmente penso num livro e adivinha, eu o encontro, penso em uma câmera e rá eu encontro, parece que funciona como as miragens do deserto, mas não são miragens muito menos deserto, apenas tem o mesmo mecanismo, eu quero, aparece. Fiquei ali sentada durante horas, calada, me deliciando com o momento e pensando na vida, então ouço um galo cantar, e uma musiquinha irritante ressoar e tudo ao meu redor vai distanciando e se perdendo, e agora vejo uma parede branca acima da minha cabeça. Que merda, acordava para mais um dia tedioso da minha vida, mas eu acordava mais leve, só não sabia por que, me sentia como se estivesse em paz o tempo todo! Suspirei e levantei...
Ah.. Os sonhos, queria poder lembrar os meus!
